Pesquisa científica revela riscos biológicos graves em frigoríficos e alerta para necessidade de medidas urgentes

Uma pesquisa científica publicada na revista Pegada (vol. 26, jan/2025) trouxe à tona uma questão de extrema relevância para a saúde dos trabalhadores da indústria frigorífica: a exposição permanente a agentes biológicos com potencial para causar infecções graves, muitas vezes invisíveis e negligenciadas no ambiente de trabalho.

A revisão integrativa analisou 111 estudos científicos, compilando uma extensa lista de vírus, bactérias, fungos e parasitas que podem afetar os trabalhadores diretamente envolvidos no abate e processamento de carne. O estudo reforça a urgência de revisar as normas de segurança, saúde e insalubridade nesse setor, considerando os riscos biológicos como uma ameaça real, não apenas à saúde dos trabalhadores, mas também à saúde pública.

O artigo propõe a criação de um anexo específico na NR 36 (norma que regula o trabalho em frigoríficos), contendo uma lista oficial de agentes biológicos, a exemplo do que já ocorre na área da saúde com a NR 32. A pesquisa também defende alterações no Anexo 14 da NR 15, com o objetivo de garantir o pagamento de adicional de insalubridade a esses trabalhadores e o reconhecimento de tempo especial para fins de aposentadoria.

Segundo os dados apresentados, o setor de frigoríficos representa 5,7% do PIB brasileiro e emprega diretamente mais de 639 mil trabalhadores, sendo considerado uma das atividades com grau de risco 3 (em uma escala de 1 a 4) para saúde humana. A análise aponta ainda que muitos desses agentes biológicos, como o vírus da febre hemorrágica da Criméia-Congo, a Brucella spp. e a Coxiella burnetti, são classificados por organismos internacionais como potenciais armas biológicas.

Durante a pandemia de COVID-19, os frigoríficos se tornaram focos de transmissão, evidenciando a fragilidade dos protocolos de proteção e a necessidade de uma vigilância epidemiológica mais robusta, não apenas para a segurança dos trabalhadores, mas também para evitar novos surtos de doenças infectocontagiosas que podem afetar toda a sociedade.

O STIAVAR reafirma seu compromisso com a defesa da saúde e segurança dos trabalhadores da alimentação, especialmente aqueles que atuam em frigoríficos. É essencial que órgãos públicos, empregadores e entidades sindicais atuem de forma integrada, com base em evidências científicas, para fortalecer as políticas de proteção à saúde laboral.

📢 Trabalhador bem protegido é trabalhador valorizado. O direito à saúde no trabalho é inegociável.

Para ler o estudo completo, baixe o artigo em pdf neste link.

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